Comentando Filme: Shaft (2000)

Simultaneamente, policial de Nova York investiga crime de motivação racial e desafia traficante dominicano. Lançado em 2000, Shaft é a versão anos 90 do thriller policial que marcou época no começo da década de 70 Interpretado por Richard Roundtree, um dos primeiros atores negros a furar o bloqueio branco e estrelar filmes nos Estados Unidos, John Shaft desembarcou em Brasília em 1973. Hoje cultuado, a primeira versão do policial Shaft estreou no Cine Karim. Quase 30 anos depois, muita coisa mudou. O Karim virou igreja evangélica e atores negros são bastante requisitados por produtores de Hollywood. Nada impede, entretanto, que a saga do temido tira nova-iorquino prossiga. Inspirado no filme que revelou o fenômeno conhecido como Blaxploitation (ver Memória), Shaft ganha agora uma adaptação anos 90. John Singleton, de Os Donos da Rua, dirige. Para tomar o lugar do veterano Roundtree, foram cogitados astros como Wesley Snipes. No final, prevaleceu Samuel L. Jackson, célebre em todo o mundo depois da elogiadíssima atuação em Pulp Fiction — Tempo de Violência.

Shaft

Apesar de fazer referências ao original, o filme de 2000 atualiza muitos aspectos da obra que se tornou referência na década de 70. O principal: o Shaft do título não é o mesmo, e sim o sobrinho dele. O sobrinho segue os mesmos passos do tio. Querido pelas mulheres, o detetive cumpre seus objetivos a qualquer custo. Aqui, em especial, ele tem três missões difíceis. O personagem de Jackson está na cola de um traficante dominicano que domina Nova York (Jeffrey Wright, de Basquiat) e tenta desmascarar dois policias corruptos. Ao mesmo tempo, procura solucionar crime de motivações raciais — e de circunstâncias problemáticas. Filho de figurão da cidade, Walter Wade mata um jovem negro por motivo aparentemente banal. Interpretado por Christian Bale (de Velvet Goldmine), ele utiliza o poder do pai para se livrar da Justiça. As semelhanças com o Shaft setentista são muitas. John Singleton evitou o uso excessivo de efeitos especiais, por exemplo. Como no passado, desenvolve a narrativa à base de cenas de ação e montagem ágil. Singleton também quis respeitar o suíngue da trilha sonora premiada de Isaac Hayes — que ainda canta o tema principal. Versão antiga da trilha sonora / versão nova da trilha Pelo visto, os esforços valeram a pena. A fita custou 45 milhões de dólares e logo teve retorno de bilheteria. Faturou 70 milhões somente nos cinemas dos EUA — sem contar o mercado de vídeo. A receptividade do público animou os produtores, que então pensaram logo em uma continuação.

Fenômeno resistiu até 1977 Anos 60. Embalados pelos discursos de Martin Luther King, Malcolm X e outros ativistas, os negros exigiam tratamento igualitário. O cinema foi arma fundamental nesta luta. Curiosamente, aquela década marcou também a vitória do cinema independente. Em oposição a Hollywood, ‘‘pipocavam’’ de todos os lados filmes de baixo orçamento. Até então menosprezados pela indústria, dezenas de produtores se diferenciaram com filmes voltados ao público negro — que já era imenso. Surgiu o fenômeno Blaxpoitation (gíria para ‘‘explosão negra’’ em inglês). Ao longo dos anos 70, foram realizados dezenas de longas somente com atores negros — antes, eles não passavam de vilões em policiais ou westerns. Tudo começou com a comédia The Watermelon Man, dirigida por Melvin Van Peebles em 1969. 

A trama: um branco racista entra em pânico ao perceber que acordou na pele de um negro. Em 1971, Van Peebles trilhou pelo gênero policial com Sweet Sweetback’s Badaaass Song. O sucesso da fita gerou uma febre. O posterior Shaft foi um estouro. Depois de Richard Roundtree, novos ídolos surgiram. The Mack (1973) revelou Richard Pryor. Pam Grier (resgatada por Tarantino em Jackie Brown) conquistou fãs com Coffy (1973) e Foxy Brown (1974). O destaque de Superfly (1972) foi a trilha sonora emblemática de Curtis Mayfield. O suíngue das trilhas era tão marcante quanto a precariedade técnica daqueles filmes. Depois da ascensão, a queda. O movimento declinou em 1977, devido ao esgotamento temático. De qualquer forma, a enxurrada blaxpoitation ajudou a dar voz à comunidade negra.Fenômeno resistiu até 1977 Anos 60. Embalados pelos discursos de Martin Luther King, Malcolm X e outros ativistas, os negros exigiam tratamento igualitário. O cinema foi arma fundamental nesta luta. Curiosamente, aquela década marcou também a vitória do cinema independente. Em oposição a Hollywood, ‘‘pipocavam’’ de todos os lados filmes de baixo orçamento. Até então menosprezados pela indústria, dezenas de produtores se diferenciaram com filmes voltados ao público negro — que já era imenso. Surgiu o fenômeno Blaxpoitation (gíria para ‘‘explosão negra’’ em inglês). Ao longo dos anos 70, foram realizados dezenas de longas somente com atores negros — antes, eles não passavam de vilões em policiais ou westerns. Tudo começou com a comédia The Watermelon Man, dirigida por Melvin Van Peebles em 1969. A trama: um branco racista entra em pânico ao perceber que acordou na pele de um negro. 

Em 1971, Van Peebles trilhou pelo gênero policial com Sweet Sweetback’s Badaaass Song. O sucesso da fita gerou uma febre. O posterior Shaft foi um estouro. Depois de Richard Roundtree, novos ídolos surgiram. The Mack (1973) revelou Richard Pryor. Pam Grier (resgatada por Tarantino em Jackie Brown) conquistou fãs com Coffy (1973) e Foxy Brown (1974). O destaque de Superfly (1972) foi a trilha sonora emblemática de Curtis Mayfield. O suíngue das trilhas era tão marcante quanto a precariedade técnica daqueles filmes. Depois da ascensão, a queda. O movimento declinou em 1977, devido ao esgotamento temático. De qualquer forma, a enxurrada blaxpoitation ajudou a dar voz à comunidade negra.

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