O humor nas HQ's de super-heróis - Parte 02

Santa piada, Batman! O humor nas HQ´s de super-heróis - parte II

No final da década de 80 notou-se, porém, uma maior preocupação por este nicho, e novas produções explorando o cômico foram elaboradas, em algumas edições e em uma revista que se tornou um clássico na nova fase da DC Comics: A Liga da Justiça da América. Este grupo de heróis teve sua origem recontada na reformulação que a DC Comics realizou em todo seu universo de super-heróis, e esta nova versão contou com o caráter humorístico e satírico bastante ressaltado.

Liga da Justiça

Em geral, suas histórias passaram a ser mais leves, o grupo caracterizou-se em ser uma reunião de amigos, que por acaso eram super-heróis e necessitavam salvar o mundo quando fosse preciso. A própria índole dos personagens foi reformulada, onde eles brincavam entre si, e brigavam muito também, como acontece normalmente em um grupo de amigos, além de expressarem pensamentos a respeito um do outro com sentimentos como inveja, desejo ou desprezo, sempre com boas doses de sarcasmo. 
Bastante metalinguístico, faziam várias colocações referindo-se a outros personagens ou até à editora concorrente, a Marvel Comics, como quando decidem qual será o nome do grupo, em um diálogo entre o Flash e Lanterna Verde:

“Nós poderíamos ser chamados de Sociedade da Justiça 2”
“Que nada! Precisamos de um nome mais moderno, como... Os Vingadores!” 
“Não! A gente ia ser confundido com aqueles outros caras!”
“Tá bom! Que tal, então... Liga da Justiça?”
“Gostei! Gostei mesmo! A única coisa agora é... será que alguém mais vai querer de unir a nós?”

Vale citar ainda um episódio onde eles encontram o Super-Homem, mas não conseguem falar com ele, acusando-o assim de esnobe. Possuem uma admiração latente pelo Homem de Aço, pelo poder que possui, e por acharem-se ainda muito inexperientes no ramo. Super-Homem vai embora, sem notá-los, enquanto pensa “Se eu voltar depressa, vai ser mais fácil convencer a Lois de que só saí para lavar as mãos...” Outra brincadeira em cima desta longa e enrolada situação entre o Super-Homem e sua eterna prometida, Lois Lane.

Outras edições especiais ainda foram lançadas, como a Graphic Novel “Hulk e O Coisa - A Grande Mudança”, onde os monstruosos e gigantescos protagonistas são capturados para um outro planeta para realizarem uma missão para um certo Thencor Pomolle: resgatar o cientista Dhu Ente, seqüestrado por Kissal Afrário, um gângster que trabalha para a quadrilha de Senth Obbraço (as piadas já começam nos trocadilhos infames) e, em troca terão direitos a dois desejos. O legal da história é que o vilão Senth Obbraço é fã dos dois heróis, pois assiste-os nos seriados da televisão terrestre. Após a vitória dos heróis, a fórmula inovadora do cientista é recuperada (um simples tempero para comida), e os dois desejos são atendidos, com Hulk estragando tudo, pedindo simplesmente comida e a volta dos dois para casa. Acabam no meio do deserto, rodeados por centenas de hambúrgueres.

Mas talvez o maior expoente do humor nos quadrinhos de super-heróis tenha sido através de um personagem que não era exatamente um super-herói. O espanhol Sérgio Aragonés, com seu Groo, o Errante, inaugurou uma nova fase no humor "para adultos". Groo, o bárbaro desastrado, apaixonado por queijo derretido, é o pavor tanto de inimigos como dos aliados. Uma perfeita sátira a Conan, que chegou a ficar em quinto lugar no Comics Buyer´s Guide, em disputa direta com Batman, Calvin, X-Men, Homem-Aranha, Garfield e outros tipos. Mas uma das obras-primas de Aragonés no ramo dos super-heróis foram as incríveis adaptações que ele fez para os personagens DC e Marvel, nas edições "Aragonés Destrói a DC" e "Aragonés Massacra a Marvel" (respectivamente abril e junho/98), mexendo no íntimo dos maiores heróis dessas editoras, fazendo piada de tudo o que eles são e representam. 
Mas isso é assunto para uma próxima matéria. Aguarde, e até lá!


Publicado originalmente pelo site Zoyd.

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