Se você adora super-heróis mas nem por isso deixa de achar esquisito quando eles conversam com o vilão durante a luta, é bem provável que você ache o filme “Heróis muito loucos” (“Mystery Men”, 1999) uma ótima pedida.

Com um elenco cômico de peso, com nomes como Ben Stiller, Janeane Garofalo, William H. Macey, Hank Azaria e Paul Reubens, além de outros grandes nomes, normalmente vistos em papéis sérios, como Wes Study e Geoffrey Rush, o filme faz uma sátira competente da difícil tarefa de ser super-herói.

A história se passa na metrópole fictícia Champion City, da qual o Capitão Incrível(Greg Kinnear) é o principal protetor, apesar da existência de heróis menos conhecidos do público como o Escavador(Macey), o Sr. Furioso(Stiller) e o Rajá Azul(Azaria).

Quando o Capitão Incrível é raptado pelo vilão Casanova Frankenstein resta aos desprestigiados defensores de Champion City a tarefa de resgatar seu colega famoso. Não sem antes recrutar outros voluntários com poderes tão pouco excepcionais quanto os deles.

“Heróis...” não é aquele tipo de filme com uma grande gargalhada em cada cena mas a ironia e a sátira aos filmes e histórias de super-heróis estão sempre presentes. Talvez por isso mesmo, ou seja, por este humor mais sutil, o filme não agrade a todo mundo.

A verdade é que o filme foi mal divulgado e explorado comercialmente de forma equivocada. Basta analisar o título nacional para se ter uma noção. Ora, Heróis muito loucos é título para comédia pastelão sem qualquer tirada inteligente. Mas como qualquer filme divertido vira “muito louco” ou “do barulho” no Brasil...

Isso, no entanto, não tira a força de algumas críticas do filme ao universo dos super-heróis como, por exemplo, no diálogo do Escavador com sua esposa, no qual ele diz algo sobre ser um ótimo escavador, ao que a esposa responde: “Isso não faz de você um Super-herói!”. O que, de forma bastante sutil, contém a questão central do filme: Afinal, o que torna alguém um super-herói? E ainda: Ter coração é mais importante que ser superpoderoso?

É claro que também sobram umas boas tiradas no melhor estilo Sergio Aragonés (especialista em satirizar os heróis Marvel e DC nas suas miniséries), como a discussão sobre a identidade secreta do Capitão Incrível, que apesar de não usar máscara, não é reconhecido porque usa óculos em sua identidade secreta. Algo familiar?

Críticas à parte ao diretor estreante Kinka Usher, o filme ainda tem o mérito de uma ou duas viradas surpreendentes na história. Além disso é sempre divertido ver gente grande brincando como criança. Ou melhor, ver atores bem sucedidos fingindo ser homens adultos que fingem ser super-heróis que fingem ter superpoderes...