1) Beijos Proibidos (Baisers Volés, França, 2000), de François Truffaut. Depois de ser seguida durante metade do filme por um misterioso homem, Christine (Claude Jade), acompanhada de Antoine Doinel (Jean Pierre Leaud), é finalmente abordada pelo estranho num parque, que para ela fala: “nunca havia provado o gosto do amor, até lhe ver. A vida é repleta de experiências provisórias e pessoas provisórias. Eu sei que, para você, serei definitivo. Não estou pedindo que você diga “sim” pra mim neste momento, isso não! Lhe darei um tempo para pensar. Apenas saiba que a amo muito e que estarei aqui para você, sempre”. O homem vai embora, Christine olha para Antoine e diz espantada: “esse homem é completamente louco!” Cruel.
2) Casablanca (EUA, 1942), de Michael Curtiz. Não dá para fugir do óbvio. A história do amor de Rick (Humphrey Bogart) e Ilsa (Ingrid Bergman), interrompido pela Guerra, é tão bem calibrada que cada uma das cenas em que ambos aparecem provoca faíscas pela tristeza de saberem que nunca mais ficarão juntos. Mas, eles sempre terão Paris...
3) Betty Blue (Betty Blue 37,2 Le Matin, França, 1986), de Jean Jacques Beineix. Logo na abertura, Betty Blue (Beatrice Dalle) e Zorg (Jean Hughes Anglade) fazem amor de manhã sob o olhar cúmplice da Mona Lisa, numa cabana de praia. Bom dia.
4) Desencanto (Brief Encounter, Inglaterra, 1945), de David Lean. Numa estação de trem londrina, um homem casado (Trevor Howard) e uma mãe de família (Celia Johnson) vêem-se pela última vez depois de terem se apaixonado ao longo das semanas que se passaram. Alec e Laura sabem que a despedida será marcada pela chegada pontual do próximo trem, o dele. Lean, no entanto, auxiliado por um roteiro de Noel Coward, aumenta a angústia dos dois com a chegada de uma inoportuna conhecida de ambos, que estraga este último e melancólico momento, no mais puro estilo britânico de emoções cuidadosamente controladas. De partir o coração.
5) Ondas do Destino (Breaking the Waves, Dinamarca/Inglaterra/França, 1996), de Lars Von Trier. Durante a sua recepção de casamento, a virginal Bess (Emily Watson) pede a Jan (Stellan Skarsgard), seu marido, que faça amor com ela imediatamente, num dos quartos do primeiro andar. Agora é a hora.
6) Os Amantes do Círculo Polar (Los Amantes del Circulo Polar, Espanha, Espanha, 1998), de Julio Medem. Anna e Otto se amam desde que eram crianças e suas vidas são guiadas por fases circulares que os afastam e os reaproximam. Numa dessas fases de distanciamento, Anna e Otto, amantes eternos, encontram-se de costas um para o outro, num café, ao ar livre, e não se vêem. O acaso às vezes conspira a favor das paixões, mas também, vez por outra, contra. A vida, em poesia.
7) Des Morceaux De Ma Femme (Os Pedaços da Minha Mulher, França, 2000), de Fréderic Pelle. Este belo curta ganhou a Palma de Ouro este ano, em Cannes, com um doloroso poema sobre a perda de alguém amado. Um velho (Gilberto Azevedo), ainda profundamente apaixonado pela esposa que acaba de falecer, decide evitar seu próprio sofrimento ao livrar-se de tudo que possa lembrá-la: até mesmo da roupa que cobre o seu corpo. Para chorar.
8) A Mulher do Lado (La Femme a la Coté, França, 1981), de François Truffaut. A história de antigos apaixonados que se reaproximam anos depois poderia ser suficiente para este belo filme. Truffaut, no entanto, vai além e ainda nos oferece uma linda história de amor secundária envolvendo uma certa Sra. Jouvet (Veronique Silver), a narradora do filme. A Sra. Jouvet jogou-se de uma janela alta, anos atrás, por causa de um amor perdido. Carrega até o resto de sua vida as seqüelas do seu ato desesperado. Ao saber que este velho amor virá visitá-la, ausenta-se numa estratégica viagem a Paris. Chega de tisteza.
Chasing Amy |
9) Procura-se Amy (Chasing Amy, EUA, 1997), de Kevin Smith. Holden (Ben Affleck) apaixona-se por Alyssa (Joey Lauren Adams), mesmo sabendo que ela gosta de meninas. Numa noite de chuva, angustiado e sofrendo com o amor que a amizade entre os dois reprime, ele declara-se em grande estilo, num texto que sofredores mundo a fora poderiam memorizar para eventuais situações do tipo: “eu não consigo mais ficar perto de você sem querer lhe abraçar e lhe segurar em meus braços. Toda vez que olhos em seus olhos só penso naquela ansiedade típica dos apaixonados em livros vagabundos. Não há uma outra alma no planeta que me faça sentir a pessoa completa que eu sou quando estou com você...”. Os dois beijam-se na chuva (foto). No amor, é importante saber falar.
10) Amigas de Colégio (Fucking Amal, Suécia, 1998), de Lukas Moodysson. Dividido em duas partes, o filme nos mostra a alegria e a dor de ser secretamente apaixonado/apaixonada por alguém e a alegria e as dores de realizar esta paixão. Para a primeira parte, Agnes (Rebecka Liljeberg) escreve no seu diário secreto com uma doce alegria a frase “eu amo Erin!!!” (sua paixão). Para a segunda parte, Rebecka e Erin (Alexandra Dählstrom) assumem felizes a paixão alegremente gay que uma tem pela outra, saindo felizes, de mãos dadas, pelo mundo. É a mais leve e feliz demonstração de amor desta curta lista.
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