Séries na Memória – #09: Felicity

Todos temos séries favoritas na vida. Aquela que sempre que alguém pergunta qual é a série de tv que você mais gosta, entre todos que passam na sua mente, você acaba lembrando daquela que mais te marcou. Uma das minhas favoritas com certeza é Felicity. E é sobre ela que vou falar na #9 do Séries na Memória.

A princípio todos podem acreditar que a série é boba, ingênua, sem nenhum tipo de apelo que instigue o telespectador a buscar conhecê-la. De fato, Felicity não é um programa de TV que chame a atenção pela temática ou pelos atores, desconhecidos na época, exceto pela Ranger Rosa, sobre a qual falarei mais adiante. Felicity veio para retratar a transição da adolescência para a vida adulta pelas mãos do mago JJ Abrams, responsável por sucessos como Alias , Lost e Fringe.

Felicity

Felicity Porter (interpretada por Keri Russell) é uma adolescente com uma autoestima bastante questionável. O pouco que se sabe sobre sua vida nos é contado no episódio piloto da série: uma garota do interior que busca consolidar a carreira de médica, seguindo os passos do pai. Tudo estava preparado na vida da menina, inclusive em qual Universidade ela iria estudar. Porém, o que a família não imaginava é que Felicity, repentinamente, reverteria esse quadro.

Apaixonada desde sempre por Ben Covington (Scott Speedman), a garota muda completamente o rumo de sua vida quando recebe um pouco de afeto do rapaz, que deixa um recado carinhoso em seu anuário. O “mantenha contato” que Ben disse para Felicity foi o suficiente para que ela mudasse, de vez, o seu destino. Ela descobre que ele vai estudar na Universidade de Nova York e avisa seus pais que também está indo para lá.

A partir dessa decisão, a história começa a mostrar a que veio. Felicity perde o apoio da família, que rejeita a atitude da filha de imediato. A Big Apple não é tão receptiva quanto a apaixonada universitária acreditava ser e começa a perceber que está, de fato, sozinha no mundo. E são as amizades que nascem a partir deste ponto que são capazes de manter Felicity com o pé no chão e o sonho de se tornar uma grande artista.

Felicity conhece suas três melhores amigas para sempre: Elena (Tangi Miller), Julie (Amy Jo Johnson) e Meghan (Amanda Foreman). Elena é estudante de medicina, tem convicções fortíssimas sobre sua vida e está decidida e mudar o conceito que as pessoas têm de uma jovem negra, que busca a realização de um sonho; Julie é uma filha adotiva, cujo maior desejo é encontrar o verdadeiro pai. É cantora e, em alguns momentos do programa, decepciona a amiga Felicity, quando resolve ficar com Ben; e Meghan é uma gótica maluca, que dividia o quarto da faculdade com Felicity, que aos poucos mostra que suas atitudes radicais e seu jeito grosseiro de ser são apenas uma fachada de alguém muito especial.

Outros que aparecem no decorrer do programa são Noel (Scott Foley), Sean (Greg Grumberg) e Javier (Ian Gomez). Sean é um sonhador autônomo, que tenta ganhar a vida com invenções que ninguém quer comprar. Se envolve com Meghan e os dois percebem como duas vidas distintas podem se tornar uma só; Javier veio para preencher o universo gay que uma série adolescente deve ter. É o chefe de Felicity e Ben, que trabalham como atendentes no Dean & Deluca. Ele é sensível, um amigo dedicado e um eterno apaixonado; e Noel é aquele rapaz doce, ingênuo que descobre que ama Felicity com todas as suas forças, mas que recebe com dor a rejeição do amor da amiga, que sempre, sempre escolheu o desprezo de Ben.

Felicity me toca porque é real. Retratou, durante quatro temporadas, o universo adolescente que colide bruscamente com a vida adulta. Como lidar com situações, até então, desconhecidas? O que é a vida sem o apoio direto dos pais? Como conseguir forças para continuar amando e lutar pelo homem de sua vida? As amizades, as relações estabelecidas e o vínculo com um sonho maior fazem com que nossa protagonista se torne um verdadeiro exemplo de força, determinação e reflexo de um sucesso que é possível alcançar quando se tem perseverança.


O mundo precisa de mais Felicities, ele precisa de mais Noels. Com certeza o programa serviu como base para muitas séries que surgiram a partir de Felicity, mas muitos, infelizmente, ainda marginalizam o seriado por achá-lo “água com açúcar”. De fato, só irão se identificar com as histórias de Felicity aqueles que, de alguma forma, sentiram na pele a dificuldade de atravessar o abismo que existe entre os sonhos da adolescência com a realidade bruta da vida adulta.

E, para os curiosos, a Ranger Rosa, que mencionei antes, é a atriz Amy Jo Johnson. Ela fez parte da primeira geração de Power Rangers, no papel de Kimberly. Quando saiu da série infantil, Amy buscou se dedicar à profissão de cantora e acabou ganhando um papel de coadjuvante em Felicity, na qual também aproveitou para mostrar seus talentos musicais. Eu tenho o CD com a trilha sonora das temporadas iniciais, que inclusive conta com a a canção de Amy Jo Johnson.

Então é isso, até a próxima.

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