Minha Memória de Séries #57 – Everybody Hates Chris

Chris Rock, um dos mais famosos atores e comediantes da TV, conhecemos um pouco da sua infância através da comédia Everybody Hates Chris (Todo Mundo Odeia o Chris, no Brasil), na qual conta histórias e vivências engraçadas baseadas em sua infância e adolescência durante o fim da década de 80, na região do Brooklyn, em Nova York.

A começar pela luta que teve de travar para encontrar seu espaço em um colégio de brancos que ficava a duas horas de sua casa. Como o mais velho de três irmãos, no Brooklyn, Nova York, também precisou manter os mais novos na linha e superar os testes de sua escola. Neste contexto, Chris leva um pouco de sarcasmo e risos para os desafios e tristezas diárias que enfrentou.

Chris Rock real, Chris Rock na ficção


Em 1982 Chris (interpretado por Tyler James Williams) completou 13 anos e, ao entrar na adolescência, descobre que ela não é tão legal quanto imaginava ser. Em meio à responsabilidade de ter de cuidar dos irmãos mais novos, Drew e Tonya, enquanto seus pais trabalham, Chris amadurece rapidamente e percebe que já faz parte do universo adulto, mesmo sem ter idade para isso. Drew é o do meio, e é mais alto e confiante que Chris. Já Tonya é a bebê da família, que recebe toda a atenção dos pais.

E por falar em pais, Julius (interpretado por Terry Crews), o patriarca da família, trabalha em diversos lugares para sustentar a casa. Enquanto isso, Rochelle (interpretada por Tichina Arnold), a rígida mãe, trabalha meio-período em um escritório, faz os serviços domésticos e exige o melhor de seus filhos.

Com a determinação da mãe em ver Chris em uma boa escola, ele se depara com diversas trocas de ônibus por dia para frequentar a Corleone Junior High School no bairro italiano de South Shore. Apesar de ser um alvo imediato para gozações, o charme e inteligência de Chris permitem que ele faça novos amigos como Greg, outro esperto e bom garoto, que não quer saber de confusões. Em Everybody Hates Chris, conforme o protagonista olha para o seu passado, aos poucos descobre o que sua família já sabia: sua personalidade excêntrica, marcante e afiada irá lhe abrir portas.

A série chegou no Brasil pelo Canal Sony, conheci a série em 2007 também pela Sony em algumas reprises em horário acessível, acho que a primeira cena que peguei da série foi Chris e Greg andando e conversando nos corredores da Corleone. A principio, não tive muito interesse, ainda mais pegando um episódio que ja estava finalizando, programei para ver a série outro horário e BOOM, quando me dei conta já estava viciado na série. Depois a série aterrissou na RecordTV com uma dublagem excelente e caiu no gosto das pessoas. Arrisco dizer que a série é mais famosa aqui no Brasil do que lá nos EUA, sua terra de origem.

A série criou bordões icônicos que até hoje são usados por diversas pessoas, até mesmo explodindo as redes sociais dos atores da série — algo que nem sempre os agrada, é verdade. Mesmo assim, tem como não lembrar das histórias de vida do carinha que mora logo ali? 

O mais legal é que Chris Rock, conseguiu uma excelente carreira de humorista e, não usa o rancor para mostrar aos brancos o valor de sua raça. Não. O caminho que ele escolhe é o da nostalgia. Deixa transparecer uma inspiração em outra série de TV, "Anos Incríveis", até pelo uso da narração do adulto que foi a criança e pela ausência daquelas gargalhadas irritantes que pontuam as piadas. Assistimos a evolução e o amadurecimento dos personagens temporada após temporada, e o mais incrível é como conseguiram por personalidades únicas e tão marcantes em cada personagem, grandes bordões, crise de risos, e uma fórmula mágica de ver 300x e não se cansar nunca. Vai me dizer que você nunca deu uma zapeada e pegou uma reprise do Chris na RecordTV? Eu já, várias vezes haha.

Já a temática do negro lembra o humor judaico, em que o sofrimento e as idiossincrasias da etnia dão o sinal verde para rirem de si mesmos. A crítica de Chris Rock vem em piada, mas está lá, cristalina, sem conclamar à revanche. Independentemente de ser o tom mais apropriado ou não, é diferente e atual. Quando lembra que, ao sentar-se num banco de ônibus aos 13 anos, nenhum branco aceitava ficar ao seu lado, Rock ri do absurdo -e, com leveza, joga para o telespectador se cabe rir ou não da tolice coletiva. 

Eu acho que muitos elementos utilizados na série fazem parte do dia a dia da maioria das pessoas, por isso muita gente se identifica com os personagens. Os pais de Chris são rígidos, mas amorosos - e seus sentimentos são correspondidos. Depois que seu pai coloca Chris na cama com um “Te vejo de manhã”, Chris Rock lembra comovidamente, “Meu pai não era do tipo que dizia 'Eu te amo'. Ele era um dos quatro pais do bairro. 'Vejo você de manhã' significava que ele estava voltando para casa. Voltar para casa era sua maneira de dizer 'eu te amo'.” A série do Chris é triste, engraçado, rude, espirituosa, mordaz, terno e dura, por isso nos identificamos muito com ela. Tudo é tão bem equilibrado que fica difícil odiar o garoto. Humor na dose certa, sem apelação alguma, personagens carismáticos, episódios bem construídos. Com certeza vale a pena da uma chance para a série. Recomendo!

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