Filme – A Fantástica Fábrica de Chocolate (Willy Wonka and the Chocolate Factory, 1971)

Mágico e Nostálgico. É o que eu sinto quando começo a assistir a primeira versão da Fábrica de Chocolate mais famosa do mundo. Por isso decidi escrever sobre Willy Wonka and the Chocolate Factory, lançado em 1971 e dirigido por Mel Stuart, baseado na obra de Roald Dahl.

Charlie (interpretado por Peter Ostrum) é um menino muito pobre que vive com seus quatro avós e a sua mãe em uma casa caindo aos pedaços. É possível, em todos os momentos, sentir a dor da família, mas esta sempre se contrasta com a alegria e esperança de Charlie por um futuro melhor, digno. Ele tem fortes esperanças de trazer ao menos um pouquinho de alegria para seus familiares. Quando o grande e misterioso Willy Wonka (interpretado por Gene Wilder) promove um concurso que abrirá para cinco felizardos as portas de sua ainda mais misteriosa fábrica de chocolate, essa esperança acende-se mais forte do que nunca. A batalha não será fácil: sem dinheiro para comprar chocolates e procurar por um dos tickets premiados, Charlie é um mero espectador desse evento mundial. Seu professor (figura bizarra) caçoa dele por não ter comido centenas de barras de chocolate como todas as outras crianças - esta é a imagem da tristeza, quando começamos a sentir por Charlie e a torcer por seu personagem. E, quando a gente importa-se com um personagem, passamos a se interessar muito mais pelo filme.

Willy Wonka and the Chocolate Factory 

As coisas vão ficando cada vez mais estranhas quando as crianças entram na fábrica. Contratos esquisitos com linhas ilegíveis, salas com todos os objetos cortados pela metade, tiradas inteligentes e rápidas de Wonka, ironias para com as crianças mal-educadas e seus pais irresponsáveis. O filme, em geral, é uma grande lição de moral para os pais. No final a mensagem apresentada é lindíssima e consegue fugir da frescura, ainda mais se considerarmos a época conturbada em que o filme foi realizado. Uma mensagem que hoje seria considerada simples e muito clichê, mas que encaixou-se como uma luva no filme.

No meio disso tudo, somos apresentados os Oompa loompas, cujas canções todas visam trazer uma moral para o público infantil e que acabam, no fim, somente criando sequências verdadeiramente perturbadoras. São músicas bem escritas, como a maior parte das que vemos no longa, mas o tom nas quais são cantadas criam um ar relativamente sombrio e negativista. O filme, de musical, assume um caráter de humor negro, ao passo que nos divertimos com o comportamento despreocupado e até sarcástico do dono da fábrica em relação à tragédia sofrida por cada um das crianças visitantes.

Uma das minhas cenas favoritas e claro, minha canção favorita é Pure Imagination, segue a cena abaixo:


Gene Wilder aceitou encarnar o excêntrico Willy Wonka com uma condição: que sua primeira aparição o mostrasse caminhando mancando com uma bengala, no meio do caminho sua bengala ficaria presa no chão e ele fingiria cair, apenas para, no meio da queda, ele fazer uma cambalhota e se levantar. Sua intenção era que jamais soubéssemos se o personagem está falando a verdade ou não.

Sem dúvidas rever esse filme depois de adulto podemos apreciar como uma outra visão, um humor ácido, cenas psicodélicas e até mesmo mensagens subliminares. Por outro lado, as lições que são ensinadas de uma forma didática, a forma como a imaginação é incentivada a florescer, em vez de ser reprimida por maturidade, a importância de dar voz a nossas crianças internas para que só assim possamos alcançar os limites de nosso potencial como humanos. Fantástica obra, obrigado pela sua maravilhosa atuação, Gene Wilder, o mundo ganhou muitos motivos para sorrir com seu trabalho.

O filme ganhou mais uma versão em 2005, dessa vez sendo mais fiel a obra de Roald Dahl Charlie and the Chocolate Factory, com Johnny Depp interpretando o Willy Wonka. Eu gosto muito também. Mas as vezes o simples parece ser mais legal. A versão de 1971 tanto amado quanto odiado, mas permanece atemporal.

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