Filme – A Fantástica Fábrica de Chocolate (Willy Wonka and the Chocolate Factory, 1971)
filmes dezembro 15, 2020
Mágico e Nostálgico. É o que eu sinto quando começo a assistir a primeira versão da Fábrica de Chocolate mais famosa do mundo. Por isso decidi escrever sobre Willy Wonka and the Chocolate Factory, lançado em 1971 e dirigido por Mel Stuart, baseado na obra de Roald Dahl.
Charlie (interpretado por Peter Ostrum) é um menino muito pobre que vive com seus quatro avós e a sua mãe em uma casa caindo aos pedaços. É possível, em todos os momentos, sentir a dor da família, mas esta sempre se contrasta com a alegria e esperança de Charlie por um futuro melhor, digno. Ele tem fortes esperanças de trazer ao menos um pouquinho de alegria para seus familiares. Quando o grande e misterioso Willy Wonka (interpretado por Gene Wilder) promove um concurso que abrirá para cinco felizardos as portas de sua ainda mais misteriosa fábrica de chocolate, essa esperança acende-se mais forte do que nunca. A batalha não será fácil: sem dinheiro para comprar chocolates e procurar por um dos tickets premiados, Charlie é um mero espectador desse evento mundial. Seu professor (figura bizarra) caçoa dele por não ter comido centenas de barras de chocolate como todas as outras crianças - esta é a imagem da tristeza, quando começamos a sentir por Charlie e a torcer por seu personagem. E, quando a gente importa-se com um personagem, passamos a se interessar muito mais pelo filme.
Willy Wonka and the Chocolate Factory |
As coisas vão ficando cada vez mais estranhas quando as crianças entram na fábrica. Contratos esquisitos com linhas ilegíveis, salas com todos os objetos cortados pela metade, tiradas inteligentes e rápidas de Wonka, ironias para com as crianças mal-educadas e seus pais irresponsáveis. O filme, em geral, é uma grande lição de moral para os pais. No final a mensagem apresentada é lindíssima e consegue fugir da frescura, ainda mais se considerarmos a época conturbada em que o filme foi realizado. Uma mensagem que hoje seria considerada simples e muito clichê, mas que encaixou-se como uma luva no filme.
No meio disso tudo, somos apresentados os Oompa loompas, cujas canções todas visam trazer uma moral para o público infantil e que acabam, no fim, somente criando sequências verdadeiramente perturbadoras. São músicas bem escritas, como a maior parte das que vemos no longa, mas o tom nas quais são cantadas criam um ar relativamente sombrio e negativista. O filme, de musical, assume um caráter de humor negro, ao passo que nos divertimos com o comportamento despreocupado e até sarcástico do dono da fábrica em relação à tragédia sofrida por cada um das crianças visitantes.
Uma das minhas cenas favoritas e claro, minha canção favorita é Pure Imagination, segue a cena abaixo:
Gene Wilder aceitou encarnar o excêntrico Willy Wonka com uma condição: que sua primeira aparição o mostrasse caminhando mancando com uma bengala, no meio do caminho sua bengala ficaria presa no chão e ele fingiria cair, apenas para, no meio da queda, ele fazer uma cambalhota e se levantar. Sua intenção era que jamais soubéssemos se o personagem está falando a verdade ou não.
Sem dúvidas rever esse filme depois de adulto podemos apreciar como uma outra visão, um humor ácido, cenas psicodélicas e até mesmo mensagens subliminares. Por outro lado, as lições que são ensinadas de uma forma didática, a forma como a imaginação é incentivada a florescer, em vez de ser reprimida por maturidade, a importância de dar voz a nossas crianças internas para que só assim possamos alcançar os limites de nosso potencial como humanos. Fantástica obra, obrigado pela sua maravilhosa atuação, Gene Wilder, o mundo ganhou muitos motivos para sorrir com seu trabalho.
O filme ganhou mais uma versão em 2005, dessa vez sendo mais fiel a obra de Roald Dahl Charlie and the Chocolate Factory, com Johnny Depp interpretando o Willy Wonka. Eu gosto muito também. Mas as vezes o simples parece ser mais legal. A versão de 1971 tanto amado quanto odiado, mas permanece atemporal.
filmes
0 COMENTÁRIOS:
Postar um comentário