Minha Memória de Séries #52 – Doctor Who

A lendária série que resistiu às provações do tempo (e do espaço).

Em 1963 a BBC começou a produzir a história de um velhinho que morava com sua neta em um ferro-velho e viajava pelo tempo e espaço a bordo de uma nave orgânica que não é construída, mas sim cultivada, chamada TARDIS. O velhinho em questão é conhecido apenas por Doutor (o que dá nome à série; Doutor Quem?), e é o último dos Lordes do Tempo, raça alienígena do planeta Gallifrey. Décadas depois, Doctor Who é a mais longa – e melhor, de acordo com algumas pesquisas e sites especializados – série sci-fi de todos os tempos, além de um marco não só na TV, mas também na cultura britânica.

Sim, desde o humilde início (aventuras semieducativas de meia hora com um orçamento mínimo, filmadas em preto e branco em um estúdio pequeno), Doctor Who cativou o coração de gerações de telespectadores britânicos e se tornou a série televisiva de ficção científica há mais tempo no ar na história. O Doutor é um alienígena humanoide benevolente que viaja pelo tempo e pelo espaço (com muita frequência para a Grã-Bretanha do fim do século XX, por razões financeiras), tendo ao lado uma sucessão de companheiros (geralmente mulheres atraentes), lutando contra vilões assustadores e formas de vida monstruosas. Seu meio de transporte, a TARDIS (Time and Relative Dimension in Space - Tempo e Dimensão Relativa no Espaço), deveria se camuflar toda vez que pousasse em um novo planeta, mas travou na forma de uma cabine telefônica londrina dos anos 1950.

A razão para a longevidade da série é um truque muito inteligente que surgiu da necessidade. Em 1966, quando William Hartnell estava doente demais para continuar, os produtores simplesmente decidiram transformá-lo em seu substituto, Patrick Throughton. Com o passar do tempo, os espectadores descobriram que o Doutor era um Senhor do Tempo de 750 anos do planeta Gallifrey, capaz de regenerar a própria forma à medida que seu corpo envelhecesse ou se estivesse seriamente ferido.

Doctor Who ao longo dos anos

Após 26 temporadas durante as quais o Doutor lutou contra inimigos como o Mestre, os Cybermen e, mais reconhecidamente, os Daleks, a audiência caiu e a série foi cancelada em 1989. Entretanto, a demanda foi tanta que ela retornou de forma estrondosa em 2005. Doctor Who, de 2005, não é um remake, é uma continuação. O segredo da longevidade? O personagem principal não morre, como explicado mais acima.

Logo no primeiro episódio da série revitalizada, o Doutor (interpretado por Christopher Eccleston) conhece Rose Tyler (interpretada por Billie Piper), uma londrina de 19 anos que mora com a mãe viúva e divide seu entediante tempo entre a loja onde trabalha e seu namorado. A primeira palavra que o Doutor diz a Rose é “corra!”, enquanto a garota está sendo atacada por manequins que criaram vida. Isso resume bem a relação que os dois desenvolveriam no decorrer da série, sempre correndo por suas vidas e fazendo as viagens mais bizarras e fantásticas que Rose jamais poderia imaginar que algum dia faria.

As primeiras temporadas da retomada de Doctor Who vão contra as produções sci-fi estadunidenses e não conseguem se igualar visualmente a elas (maquiagem de monstros trash, efeitos não tão elaborados e muita tela verde), mas superam no quesito emoção. É uma série de família que foi concebida para agradar não apenas as crianças – seu público alvo inicial –, mas também aos pais delas, adultos saudosistas que assistiam Doctor Who todo sábado antes de irem dormir quando tinham a idade de seus filhos. Mas apesar do público, em momento algum Doctor Who deve ser subestimada. A série não tem medo de abordar temas como morte , guerra, e a destruição iminente da raça humana. Indico a todos!

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