Minha Memória de Séries #38 – Lost

Em 22 de setembro de 2004, o vôo 815 da Oceanic Airlines que saiu de Sydney com destino a Los Angeles caiu em uma ilha do Oceano Pacífico, deixando 48 sobreviventes. O grupo, liderado pelo médico com complexo de herói Jack Shephard (interpretado por Matthew Fox, de Party of Five), montou acampamento provisório e esperou pelo resgate – que nunca veio. Seria uma dramatização de Survivor se a tal ilha tropical não fosse assombrada por sussurros, habitada por monstros de fumaça, ursos polares, um misterioso grupo de pessoas e muitos segredos e mistérios. E é essa história que ocupa o Minha Memória de Séries dessa semana. Lost é o tipo de produção que merece ser indicado o tempo todo.

Os executivos da Disney, dona do canal ABC, não ficaram muito felizes com Lloyd Braun (então diretor do canal) por ter aprovado um projeto tão caro quanto o piloto da série criada por J.J. Abrams (de Alias, Fringe e Felicity), Jeffrey Lieber e Damon Lindelof, e o demitiram. O episódio, que continua sendo o mais caro da história, foi gravado no Havaí (assim como todo o restante do programa) e a série acabou se tornando sucesso instantâneo de crítica e público, tendo uma média de 15,5 milhões de telespectadores por episódio na primeira temporada.

No começo, a  trama era dividida em duas linhas temporais: a atual, que se passava na ilha, e os flashbacks, que mostravam os motivos de os personagens (americanos, coreanos, iraquianos, ingleses e apenas uma australiana) estarem na Austrália e terem entrado no fatídico vôo 815. Da fugitiva Kate (interpretada por Evangeline Lilly) ao paraplégico que voltou a andar Locke (interpretado por Terry O’Quinn), passando pelos coreanos com segredos e problemas conjugais Jin e Sun (interpretado por Daniel Dae Kim); e Yunjin Kim, estrela de filmes coreanos), o azarado ganhador da loteria Hugo (Jorge Garcia), o astro do rock viciado em heroína Charlie (interpretado por Dominic Monaghan), o militar iraquiano Sayid (interpretado por Naveen Andrews), o golpista Sawyer (interpretado por Josh Holloway) e a grávida Claire (interpretada por Emilie de Ravin, de Roswell), todos estavam ali por um motivo muito maior do que aqueles que os levaram à Austrália para começo de conversa. A partir da quarta temporada uma outra linha temporal foi incluída na narrativa – os flashforwards – e, ainda na última, os flashsideways se revezavam com a linha temporal real para finalizar a série que rendeu seis temporadas.

LOST

Lost reinventou o modo como assistimos televisão. Para os que acompanharam os episódios semanais ao longo de seus seis anos de duração, assim que o episódio acabasse, não era apenas desligar a TV (ou o computador) até a próxima semana ou temporada. Os episódios terminavam e as discussões começavam. Em fóruns do Orkut, encontros, on ou offline, os fãs reassistiam incansavelmente aos episódios, criando inúmeras teorias sobre imagens que passaram despercebidas da primeira vez em que o episódio foi visto – e muitas delas davam pistas enormes sobre mistérios que seriam revelados mais pra frente. Era mania dos roteiristas de Lost criarem inúmeras perguntas (e muitas delas nem foram respondidas), mas o nível de imersão no universo da série não seria igual sem elas.

Os DVDs eram cheios de extras que aprofundavam ainda mais a “experiência”, além de ter várias informações escondidas nos menus que só eram reveladas depois de pressionados certos códigos no controle remoto (os chamados “easter eggs”). Dois jogos de realidade alternativa aconteceram durante a exibição da série, The Lost Experience e Find 815, que tinham relação direta com o que estava acontecendo na série na época em que começaram, dando dicas sobre o que poderia vir a acontecer. Alguns livros foram escritos focados na vida dos outros sobreviventes que na série eram apenas figurantes, mas os próprios produtores já declararam que não se sentem orgulhosos deles.

A série chegou ao fim em 23 de Maio de 2010, deixando fãs divididos entre o amor e o ódio, mas é inegável que deu aula de como construir mistérios, cliffhangers e deixar o público desesperado nos intermináveis meses de hiato entre uma temporada e outra.

Corre para assistir a série e aproveita que tem todas as temporadas disponíveis na Netflix Brasil. Partiu!

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