Pensar em uma esposa perfeita, correta, boa, ou qualquer coisa do tipo, talvez prejudique a primeira impressão de The Good Wife. A verdade é que a série nada tem a ver com o título, que fica cada vez mais irônico a cada temporada. E é justamente essa evolução que traz a trama para esta #16 do O Que Há de Novo em Séries. Tudo bem que a série não é tão nova assim, mas resolvi compartilhar ela aqui.
A história, estrelada por Julliana Margulies, até tem a ver com situações familiares e amorosas, contudo, se divide também entre casos e tramas jurídicas muito bem conduzidas. Um dos melhores procedurais dos últimos anos, seus episódios contam com uma incrível atuação da protagonista, uma advogada que precisa voltar ao trabalho depois de um escândalo envolvendo seu marido, Peter Florrick (interpretado por Chris Noth).
Por aqui, a trama ganhou o subtítulo ‘Pelo Direito de Recomeçar’, e por mais trash que possa parecer, realmente tem a ver com o enredo, já que narra uma espécie de retorno de Alicia Florrick ao mundo real.
Dona de casa, mãe de dois filhos, Alicia vê sua rotina mudar de um jeito que só a imprensa consegue fazer. Com denúncias de corrupção e uma polêmica envolvendo casos e prostitutas de seu companheiro de anos, ela precisa assumir o controle e a sobrevivência de sua família, enquanto tenta não demonstrar seus sentimentos sobre tudo que está acontecendo.
Na verdade, no começo, a personagem é uma espécie de incógnita, já que fica difícil entender como foi parar no papel que se presta a cumprir. Ao contrário do que se esperaria dela, parece controlada, calma e conformada demais com tudo, como se fosse uma mulher passiva e sem personalidade. No entanto, ao longo dos episódios e com o talento da atriz, é possível entender que muitas nuances da protagonista vão ser apresentadas aos poucos. E grande parte delas vêm à tona enquanto está no tribunal, tentando retomar a profissão que tinha abandonado há alguns anos.
The Good Wife |
Ao seu lado, o antigo colega e atual chefe Will (interpretado por Josh Charles) funciona tanto como interesse amoroso como uma maneira de tentar entendê-la. Quando estão juntos, Alicia parece mais à vontade do que em muitos momentos. Por isso, desde o começo já é possível imaginar que terão algum tipo de relacionamento mais profundo, o que se torna mais importante e doloroso a longo prazo – e a dica aqui é tentar fugir de spoiler sobre os dois até assistir tudo.
Além dele, vale destacar ainda presença de Kalinda (interpretada por Archie Panjabi), uma investigadora que trabalhou com Peter Florrick e que agora faz parte do escritório em que a protagonista trabalha. E ainda, Eli Gold, que chega ao final da primeira temporada, mas é perfeitamente interpretado por Alan Cumming.
Com uma premissa aparentemente comum e levemente inspirada em escândalos reais, é fácil esperar pouco de The Good Wife, porém, na medida em que se acompanha seus capítulos, é impossível não sentir empatia pela personagem e desejar que consiga colocar sua vida nos eixos. Mais do que isso, os casos e julgamentos também conseguem ser bastante interessantes. Ainda que simples, sempre exigem estratégias e alguma discussão ética, não se tornando apenas mais uma dentre tantas tramas do gênero.
Sem nenhuma preocupação exagerada em ser politicamente correta, retrata ainda diversas personalidades femininas, seja com o lado heroína de Alicia ou com a ingenuidade da mãe de Peter. E por isso, constrói um enredo interessante, que explora e une esses universos de um jeito despretensioso, prendendo atenção, mas sem querer dar qualquer tipo de lição de moral. Super recomendo.
Todas as temporadas da série estão disponíveis no Amazon Prime Video BR e também na Netflix BR. Corre!
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