Review: Stranger Things (1ª Temporada)

Sabe quando uma série te conquista instantaneamente? Foi o que aconteceu comigo. Nunca ia imaginar que em apenas dois dias eu terminasse uma temporada! Confesso que estava reticente para começar a assistir, muita gente falando torna algo efêmero, pelo menos na minha concepção, porém fui fisgado de tal forma que meu único desejo é começar tudo de novo. Existem uma série de motivos para fazer Stranger Things uma das melhores séries atualmente (na minha humilde opinião) e eu irei falar das que mais me tocaram.

Para começar o elenco é maravilhoso, não sei como mas todos os personagens funcionam e convencem, chegam momentos que eles não parecem fictícios, já que seus dramas são tão reais. A carga emocional deles e a facilidade que temos em nos idealizar frente aos seus sofrimentos e alegrias é algo que não se vê o tempo todo. Principalmente de maneira tão rápida.

A química entre as crianças é o mais surpreendente, acho que foi o único programa que vi que não tive raiva deles, por infantilidades e afins, tudo bem que Lucas enche o saco durante seis episódios seguidos, mas mesmo assim, funciona dentro da trama. O destaque maior vai para Eleven, que rouba as cenas com seu jeitinho tímido, cheio de traumas e ao mesmo tempo extremamente poderoso.


Stranger Things

Outro ponto positivo é o enredo: todas os núcleos são bem encaixados, todos caminham para uma grande importância dentro da trama, todos os personagens e diálogos não são a toa e isso faz com que surjam cada vez mais teorias sobre a série. A forma como “coisas estranhas” vão acontecendo na cidade, começando com o desaparecimento de Will e a chegada de Eleven, faz com que os personagens principais deixem de lado suas crenças óbvias e assumam respostas paranormais para os eventos mostrados, afinal de contas não existe outra explicação para o que acontece.

Tudo começa quando, num jogo de RPG com seus amigos, Will desaparece. As buscas começam mas seu corpo não é encontrado, o policial, Hopper (viciado em drogas, após a morte de sua filha) fica responsável pela investigação, afinal de contas na pequena cidade Hawkins não acontece nenhum assassinato ou crime há anos. Quem não consegue aceitar que o menino desaparece é sua mãe, que vai conseguindo, aos poucos encontrar uma forma de se comunicar com o filho . Lógico que essa conexão entre mãe e filho é extremamente previsível, assim como o fato dela estar passando por muito stress e começar a se ligar das estranhezas que estão acontecendo.

Ao mesmo tempo o grupo de amigos não desiste de encontrar o colega, mas no fim se deparam com uma outra estranha, Eleven, uma garota carequinha que não fala quase nada e ainda não sabe como se comportar direito na frente de ninguém, sem dizer que ela é extremamente esfomeada e tem poderes parapsíquicos. De uma forma didática ela explica aos meninas que Will está vivo, mas que ele foi parar no Mundo Invertido (The Upside Down) e que nesse lugar habita um Monstro.

Lógico que, esse Monstro consegue de alguma forma não explicada, transitar entre os dois mundos e numa dessas transições ele sequestra Barb, melhor amiga de Nancy (irmã Mike, um dos melhores amigos de Will) que estava passando a noite na casa de Steve, seu namoradinho e também o babacão do colégio. Ela não fica satisfeita com o sumiço da amiga e a forma como ninguém liga para isso além dela, na verdade, além dela e Jonathan, irmão mais velho de Will. Aos poucos os dois vão descobrindo mais sobre os hábitos do Monstro.

Outro núcleo, que na primeira metade parece aleatório, mas que vai ganhando importância são os testes desenvolvidos pelo Dr. Brenner em Eleven, aos poucos entendemos a extensão do poder da menina e olha que nem tanto assim, mas que foi ela a responsável pela liberação do Monstro, na verdade o Mundo Invertido está tomando conta do laboratório, foi uma fenda aberta entre os dois mundos que está prejudicando ambos.

Enfim, são muitas coisas bizarras e a cada episódio ficamos mais ansiosos para desvendar os mistérios, lógico que os Irmãos Duffer, criadores da série, não deixariam as respostas tão fáceis de alcançar e somos obrigados a esperar pelo segundo ano, para entender melhor algumas situações. Porém além de todas essas coisas o que também nos prende são os temas humanos que permeiam a história, como Stephen King disse em um de seus livros: “essa é uma história sobre pessoas normais, a que coisas incríveis acontecem, e não o contrário.”

Ou seja, a família Byers lidando com o desaparecimento/morte de Will, que não consegue deixá-lo em paz, sejam nas lembranças, ou nas ações; o relacionamento de Steven e Nancy, que aos poucos vai crescendo e mostrando que não é só paixão, bem como a amizade entre ela e Jonathan, fazendo um ótimo triângulo amoroso; Hopper lidando com seus traumas e vícios, e ao mesmo tempo dando tudo de si para não deixar mais uma criança padecer. Muitas coisas que vemos diariamente, em nossas vidas e em outras séries, mas com um grau elevado de intimidade, pois estamos juntos com eles acreditando em cada loucura que eles parecem falar, porque as vemos na tela.

Cada episódio tem uma cena emblemática, acho que a melhor dela é a mãe de Will sentada no sofá, embaixo de seu abecedário de lâmpadas, porém os diretores de fotografia estão de parabéns, a equipe inteira se dedicou muito e fez muita pesquisa antes de colocar a série no ar. A trilha sonora é absolutamente maravilhosa, nos remetendo aos anos 80 em cada pequeno momento e aumentando a tensão também! Falando em referências aos anos oitenta, não são só as músicas, mas os diretores, filmes e escritores da época são homenageados de maneiras incríveis. Stephen King (do qual sou fã e posso falar com mais segurança) tem grande influência nos criadores, desde Carrie e It- A Coisa, que são as obras mais óbvias, desde a forma de contar a história, de forma leve, mas ao mesmo tempo assustadora!

Outra opção super importante foi o número de episódios, oito foram essenciais para não haver enrolação e conseguir desenvolver os personagens de forma extremamente positiva, todos os atores dão shows de interpretação, até mesmo os com  menos destaque. Também achei legal a forma como os esteriotipos são deixados de lado, como no primeiro episódio, com o grande dono do bar.

Um amigo meu disse: “Mas a série é extremamente previsível.” Minha resposta foi, a previsibilidade não importa, diante do elo que fazemos com os personagens e a vontade de entender o que está realmente acontecendo. No final da temporada, temos uma trama super bem amarrada, mas que deixa pontas a serem resolvidas em seu já anunciado segundo ano.

Gostaria de fazer um texto falando o porque amo cada um dos personagens: Dustin, Mike, Eleven, Sr. Clark, Barb, Steve, todos! Mas isso iria encher o saco eu imagino. O que posso dizer é que sinto-os como meus amigos! E espero que quando vocês assistirem (se é que já não assistiram), sintam o mesmo!

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